“Há um enorme potencial de crescimento da atividade exportadora”

Só 5% das exportadoras investem em atividades I&D, mas essa minoria é vital para a economia portuguesa, relembra a presidente da COTEC e membro do júri para a categoria Exportação 2020.

Se a inovação é a chave do sucesso, então as empresas exportadoras portuguesas estão na linha da frente, diz a presidente da COTEC Portugal. São elas que mais investem em investigação e desenvolvimento, assumido esse compromisso de uma forma consistente, até mesmo quando os ciclos económicos não são favoráveis, sublinha Isabel Furtado. E, dentro do setor exportador, a agricultura tem-se sobressaído, apostando em conhecimento e inovação como estratégia para ganhar um peso cada vez maior na economia nacional e alcançar os mercados além-fronteiras. No entanto, a escala das empresas, a concentração do setor e a diversificação de mercados ainda são desafios que precisam de ser ultrapassados. Mas, de uma forma geral, os empresários portugueses têm sabido não só resistir às adversidades como também tirar partido do clima de estabilidade política e macroeconómica para prosperar.

Que retrato faz da atividade exportadora das empresas portuguesas, tendo em conta a sua dimensão?
As empresas exportadoras demonstram ter nas suas estratégias uma visão de longo prazo, já que assentam a sua competitividade no investimento em conhecimento e nas competências de inovação, que, por sua vez, conduzem ao crescimento do negócio em mercados internacionais. A dimensão da empresa influencia positivamente o investimento em investigação e desenvolvimento (I&D), que tem vindo a crescer a uma taxa assinalável e de forma sistemática, mesmo em clima económico desfavorável e sob os efeitos do programa de assistência financeira. Esta relação marcante e virtuosa entre atividade exportadora, conhecimento e inovação é ilustrada por 75% do total do investimento empresarial declarado em I&D ser realizado pelo setor exportador e presença das exportadoras no universo das empresas que realizam atividades de I&D ser dez vezes maior do que a média nacional, de acordo com a análise da Agência Nacional de Inovação.

Qual o potencial de crescimento da atividade xportadora das empresas nacionais face à tual conjuntura?
Mesmo em face de uma mudança de ciclo económico, há um enorme potencial de rescimento da atividade exportadora, já que menos de 5% das exportadoras investem em atividades de I&D, tendo esta minoria vital um peso desproporcional na economia, representado 12% do volume de negócios total das empresas nacionais, 31% do total de exportações e 4% do emprego.

Qual o apoio que a COTEC está a dar e pode ir a dar, para alavancar a atividade exportadora acional?
O apoio da COTEC foca-se na antecipação de tendências de negócio, reforço de ligações nas redes entre empresas e com o sistema científico e tecnológico para atividades de inovação, na disponibilização de ferramentas de gestão de inovação de modo a retirarem maior retorno com menor risco dos seus investimento em inovação, seja em novas linhas de negócio, processos e organização, ou no marketing e, por último, na partilha de boas ráticas da inovação em todos os setores de atividade.

Como caracteriza o tecido empresarial português os últimos quatro anos?
Como um traço comum, diria que é caracterizado pela resiliência, perseverança e sentido de oportunidade. Os empresários e os seus trabalhadores têm sabido resistir às adversidades e (alguns) prosperando, aproveitando um clima de estabilidade política e macroeconómica a nível nacional, maior confiança dos agentes económicos e um ciclo económico internacional favorável.

O setor exportador tem demonstrado melhor desempenho económico do que as restantes empresas, mas falta ainda ganhar escala e diversificar os mercados.

Isabel FurtadoPresidente da COTEC Portugal

Como avalia o setor exportador português quais os principais constrangimentos que inda enfrenta?
O setor tem demonstrado em geral dinamismo omercial e melhor desempenho económico do que as restantes empresas na economia. No entanto, a escala das empresas, a concentração do setor e a diversificação de mercados ainda são desafios a ter em conta.

A agricultura, o setor primário, já não é parente pobre da economia. O que permitiu essa mudança?
O setor agroalimentar tem reforçado a sua capacidade de investimento em conhecimento e inovação e por esta via tem crescido a sua influência na economia e a sua abertura aos mercados exteriores.

Quantos projetos a COTEC apoiou no setor primário em Portugal no último ano? Qual o valor gerado e qual a percentagem de crescimento que é expectável haver neste setor?
Temos diversas empresas PME no setor agroalimentar como associados da Rede PME Inovação. A dinâmica de crescimento é diversa, embora haja casos de empresas que têm crescido de forma rentável a taxas anuais de dois dígitos durante longos períodos.

Como olha para o futuro da atividade exportadora em geral e no setor primário em particular?
O dinamismo da atividade exportadora e o ciclo virtuoso entre exportações, conhecimento e inovação é um indicador de saúde e confiança da economia. Nesta linha, o setor primário tem vindo a ombrear com os restantes, mostrando que tem excelentes empresas que podem e devem ser estudadas.

Quais os critérios de avaliação que vão ser tidos em conta nesta categoria de exportação?
É prematuro falar sobre os critérios neste momento, pois ainda não estão validados pelo Santander.