Ana Costa Freitas confessou que, apesar dos bons indicadores gerais apresentados pelo tecido socioeconómico na relação com a necessidade da sustentabilidade ambiental, cultural e económica, ainda há uma diferença entre o discurso e a prática. “A sustentabilidade é transversal, a preocupação com a sustentabilidade não é”, assumiu a reitora da Universidade de Évora, membro do júri dos Prémios Notáveis Agro Santander 2020.
Licenciada em Agronomia e doutorada em Biotecnologia Alimentar, além de ex-conselheira da Comissão Europeia entre 2011 e 2013, a académica elegeu os 13 finalistas da categoria de Sustentabilidade. A gala de entrega dos Prémios Notáveis Agro Santander 2020 será a 25 de fevereiro de 2020, no Auditório Santander, em Lisboa, e inclui um total de 85 nomeados em cinco categorias.
“Não foi fácil fazer esta seleção, havia muitos projetos de grande valor. A sustentabilidade é transversal a todas as categorias. Toda a gente fala de sustentabilidade, por isso era preciso definir o que é sustentabilidade. A sustentabilidade é transversal, a preocupação com a sustentabilidade não é transversal”, explicou a reitora. “Há pouco tempo, não vi notícias nos media da manifestação do mundo rural”, disparou. Ou seja, uma das questões fundamentais para a transposição da preocupação teórica e a sua transposição para a prática da sustentabilidade passa, também, pela forma como é passada com eficiência a mensagem das práticas do setor agrícola.
“É interessante o banco ter estes prémios, que demonstra o que de bom se faz no setor. A agricultura tem evoluído muito, naturalmente, porque o mundo avança e a agricultura também”, resumiu Ana Costa Freitas. “A diferença no mundo atual é a velocidade a que vivemos, a inovação permanente. Espero que haja uma preocupação geral com a sustentabilidade. A palavra vende bem, digamos. Mas é preciso que haja preocupação das indústrias e das pessoas. Nestes projetos que analisei, há essa preocupação”, concluiu.
A escolha das 13 empresas e projetos nomeados na categoria Sustentabilidade ficou a cargo da reitora, que nesta quinta-feira as apresentou publicamente no Work Café Santander, em Lisboa. E são elas a Delta Cafés (Cápsulas de café 100% biodegradáveis e sem plástico); Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (Garantir vinhos mais sustentáveis); Animar – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local (Aldeias Sustentáveis e Ativas); EDIA (Valorizar resíduos de plástico); Associação de Recursos Hídricos (Calcular a pegada hídrica); Herdade da Camoeira (Gestão sustentável do montado no combate às alterações climáticas); Sociedade Agrícola do Freixo do Meio (O montado tem novo design); Algaplus (Produzir algas em aquacultura); Aromas e Boletos (Cogumelos silvestres e ecológicos); KM 0 Montemorense (Produzir local e tradicionalmente); HNV Link (Agricultura de elevado valor); Instituto Politécnico de Portalegre (Métodos para produzir forragens em sementeira direta); Cereja do Fundão (Juntar cereja, mel e carqueja).