A agricultura tem de acompanhar todos os desenvolvimentos da sociedade, mas deve atentar ao seu impacto ambiental, visto que, ao ser sua dependente, sofrerá com as consequências. Por esta razão, é fundamental premiar quem é sustentável e preocupa-se com o impacto que tem no meio ambiente.
Com o intuito de distinguir os empresários agrícolas que façam crescer as suas empresas pelo seu talento, os Prémios Notáveis Agro Santander 2020 visam reconhecer o mérito dos candidatos em cinco categorias: Inovação Tecnológica, Empreendedorismo, Sustentabilidade, Exportações e Jovens Agricultores. Nomeados por um júri para cada categoria, serão, no total, cem os nomeados para as cinco categorias, ou seja, vinte nomeados para cada uma.
Como forma a premiar no campo da sustentabilidade, a Categoria Agro Santander Sustentabilidade distingue os empresários com capacidade para gerar negócios sustentáveis a longo prazo, assim como negócios capazes de provar que contribuem para a sustentabilidade ambiental e desenvolvimento do setor. São também consideradas as iniciativas de âmbito ecológico, que contribuam para a diminuição da pegada Hídrica e para o balanço de Carbono ZERO, para além das PME, pessoa singular ou coletiva, podendo ser clientes ou não clientes do Santander.
Assim, na 3ª Conversa Solta AGRO Santander Sustentabilidade, que se realiza no dia 28 de novembro 2019, vai abordar-se o tema da sustentabilidade e do seu impacto, assim como se ficarão a saber quais são os nomeados desta categoria.
Estão escolhidas as 13 empresas e projetos agrícolas nomeados na categoria Agro Santander Sustentabilidade 2020. Estas iniciativas foram concebidas por empresários com capacidade para gerar negócios sustentáveis a longo prazo e contribuir para a sustentabilidade ambiental. Do café e do vinho às aldeias isoladas em risco de despovoamento, passando pelas algas e cogumelos silvestres, todos estes projetos assentam em modelos sustentáveis de geração de riqueza.
Há mais de 50 anos que a Delta, empresa de torrefação de café com sede em Campo Maior, no Alentejo, tem construído um modelo de negócio sustentado na justiça social, ambiental e económica da sua cadeia de valor. Está empenhada em contribuir para os objetivos de desenvolvimento sustentável. Um dos projetos mais recentes é o lançamento das cápsulas de café Delta Q com a particularidade de serem 100% biodegradáveis, sem recurso ao plástico. Com uma estratégia de economia circular, a Delta continua a reciclar as cápsulas de café DeltaQ, transformando o plástico em matéria-prima para novos produtos. Outro projeto foi a criação dos reciQla, os ecopontos para as suas cápsulas, que permitem aos clientes diminuírem a sua pegada ambiental.
Com 388 membros e sede em Évora, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) foi criada em 1989 para proteger, controlar e certificar a origem e os padrões de qualidade do vinho DOC Alentejo e o vinho regional alentejano. O seu universo de 1800 viticultores e 280 adegas representam 47% da área de vinha registada na CVRA. Desde 2015 que assume a sustentabilidade como peça fulcral para o futuro da região através do programa de sustentabilidade dos vinhos do Alentejo. Através da sugestão de boas práticas, os membros do programa têm alcançado reduções até 30% no consumo de energia e de cerca de 20% no consumo de água e aumentado as taxas de reciclagem e de promoção da economia circular, com 38% a converter os resíduos orgânicos em adubo.
A Animar – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local e a ADC Moura lançaram um projeto para valorizar as aldeias isoladas ou em risco de despovoamento, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes através da revitalização económica e social dos territórios. O ASAS – Aldeias Sustentáveis e Ativas foi desenvolvido entre 2011 e 2013 com o objetivo de valorizar e permitir a fixação das pessoas em aldeias rurais isoladas. Os promotores acreditam que a intervenção em cada aldeia deve partir das necessidades específicas e responder aos problemas concretos identificados pelas respetivas comunidades. “Começar com as pessoas” é uma das suas máximas seguidas no terreno.
O projeto Placarvões consiste numa solução que integra os princípios da economia circular na cadeia de valor dos plásticos. Liderado pela EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva, o projeto é desenvolvido em colaboração com a Gesamb, Cimac e a Universidade de Évora. A ideia é a valorização de resíduos de plásticos (plástico agrícola, plásticos descartáveis e CDR) através da produção de carvões ativados. O que é o carvão ativado? É um material com uma capacidade extraordinária para captar seletivamente líquidos ou impurezas no seu interior, tendo um elevado poder de clarificação e purificação de líquidos. Pretende-se igualmente promover uma economia eficiente no uso de água e solo, de base regional e local, diminuindo a pressão sobre estes recursos através da redução da contaminação com plásticos.
O projeto Ech2o-Água, da Associação dos Recursos Hídricos, quer capacitar os utilizadores para a adoção de práticas de consumo responsável da água e uso mais eficiente deste precioso recurso. Isto tanto em ambiente escolar e residencial como profissional. Até março de 2020, a associação, em parceria com diversas instituições, irá mobilizar comunidades experimentais para testar dispositivos de redução do caudal em torneiras e chuveiros. Através da análise da evolução mensal dos valores consumidos será calculada a respetiva pegada hídrica.
Assente no ecossistema do montado, a Herdade da Camoeira, localizada a sul de Portugal, é um exemplo de uso eficiente de fatores de produção na melhoria da produtividade. Há vários anos que pratica um modelo de agricultura baseado nos sistemas de mobilização mínima, conseguindo um aumento real da produtividade dos solos sem recurso a químicos ou outros aditivos. Apesar das alterações climáticas efetivamente sentidas, este modelo é sustentável e permite uma melhoria dos solos e da sua capacidade produtiva.
O projeto de investigação Ecomontado XXI – A Agroecologia aplicada ao design do Montado Novo tem estado focado em desenhar um modelo de montado que permita preservar o ecossistema e favorecer a agricultura tradicional com inequívoco valor económico acrescentado. O projeto é coordenado pela Sociedade Agrícola do Freixo do Meio e conta com os seguintes parceiros: Associação dos Produtores Florestais do Concelho de Coruche e Limítrofes; Universidade de Évora – Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas; e Herdade Machoqueira do Grou CRL. Cofinanciado pela União Europeia, teve o seu início a 1 de janeiro de 2017 e decorrerá até final de dezembro de 2021.
Produzir algas em aquacultura multitrófica integrada com aceitação no mercado é a missão da Algaplus, empresa pioneira na Europa no cultivo de algas marinhas da costa Atlântica por meio de um sistema de aquacultura sustentável em terra. Estas algas são depois usadas na área da agricultura (bioestimulantes), alimentação, cosmética e farmacêutica. A empresa foi fundada em 2011 por dois biólogos especialistas no cultivo de macroalgas, Helena Abreu e Rui Pereira, conta com uma equipa de 18 pessoas e está integrada na ria de Aveiro. As algas são cultivadas em tanques, promovendo a recuperação de antigas marinhas na ria de Aveiro, numa perspetiva de bioeconomia circular, em que a produção de algas é integrada com a aquacultura de robalo e dourada. Com o projeto Seabioplas, a equipa usou macroalgas marinhas para fazer bioplásticos biodegradáveis. A decorrer está um projeto para aumentar a produção em aquacultura de espécies de baixo nível trófico. Macroalgas, ouriços-do-mar, crustáceos e peixe foram selecionados com base no potencial das contribuições para a produção sustentável de alimentos e rações, num processo de cultivo em que resíduos de uma espécie são usados como alimento para outra.
A Aromas e Boletos nasceu em 2012 com a missão de valorizar o cogumelo e as florestas. Desde Leiria desenvolve produtos recorrendo à micologia com aplicação de técnicas que permitem produzir cogumelos exóticos e silvestres de forma ecológica, sustentável e socialmente responsável. Dedica-se à produção de produtos inovadores, de nicho de mercado, recorrendo à biotecnologia, como, por exemplo, cogumelos desidratados com algas, sal e azeites aromatizados e ainda risoto de cogumelos com algas e risoto de cogumelos selvagens. Na área da floresta, a Aromas e Boletos comercializa castanheiros, pinheiros, sobreiros e azinheiras, que, além de produzirem fruto, produzem também cogumelos silvestres como o Boletos edulis, trufa negra e Lactarius deliciosus. Através de um processo de gestão multifuncional da floresta, com extração de fruto, madeira, cogumelos e turismo da natureza (passeios micológicos ou banhos de floresta), a equipa permite tornar a floresta ainda mais ecossustentável.
O objetivo deste projeto é incentivar o consumo de alimentos produzidos localmente. O projeto Km 0 Montemorense envolve técnicos da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, bem como cidadãos, na sua maioria membros da Rede de Cidadania de Montemor-o-Novo, e o Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas da Universidade de Évora que participam de forma voluntária e não remunerada. Pretende-se valorizar o que é produzido localmente de forma tradicional, resultando, portanto, numa valorização da economia familiar, na divulgação dos produtos locais, na valorização da sociedade agrícola local, no estabelecimento de redes e parcerias com superfícies comerciais e restaurantes, entre outros, bem como estabelecer ligações entre os diferentes produtores sempre com o intuito de valorização das explorações locais.
O projeto integra um consórcio de 13 parceiros que nasceu a partir de um grupo focal da PEI-Agri sobre agricultura de elevado valor natural. O arranque deu-se em abril de 2016 e estender-se-á por três anos. A Universidade de Évora terá como estudo de caso e área de aprendizagem o Sítio de Monfurado. O projeto prevê o desenvolvimento e estabelecimento de uma rede focada nas inovações que suportam os sistemas agrícolas de elevado valor natural e as comunidades que os gerem, potenciando em simultâneo a sua viabilidade socioeconómica e a sua eficiência ambiental. Foi designado um conjunto de áreas de aprendizagem que se utilizarão para avaliar exemplos e lacunas de inovações a vários níveis, não só inovação tecnológica, de mercados e produtos mas também inovação social, institucional e política. O projeto contempla ainda um ambicioso plano de divulgação que tem por objetivo envolver grupos de produtores, técnicos, investigadores e outros agentes. O valor deste projeto é ser uma parceria europeia em que a troca de experiências deve ser valorizada. No fundo foca-se na transmissão de conhecimento propondo-se atingir inovação tecnológica, social, institucional e política. A troca de experiências com outras comunidades é muito importante para se conseguirem disseminar e dar a conhecer exemplos de boas práticas.
O MechSmart Forages é um projeto exploratório na área da sustentabilidade da produção agrícola e animal resultante do consórcio entre um conjunto de empresas e entidades públicas de ensino e investigação. Pretende dar resposta ao facto de as alterações climáticas levarem a uma necessidade de intensificação sustentável da produção de forragens para suporte dos sistemas extensivos de produção animal na região do Alentejo. Neste projeto, encabeçado pelo Instituto Politécnico de Portalegre – Escola Superior Agrária de Elvas, aborda-se a sustentabilidade em todos os aspetos da produção agrícola – não só a sustentabilidade ambiental é importante como também a sustentabilidade económica e social. Levou-se ainda em consideração a escassez de água que deve ser gerida de forma eficiente e o impacto do melhoramento genético e alimentar para tornar a exploração pecuária mais eficiente. O projeto decorreu entre 2016 e 2019. Ao longo de três campanhas agrícolas procurou-se dar a conhecer aos agricultores da região e à comunidade envolvente métodos para a produção de forragens em sementeira direta para suporte dos sistemas extensivos de produção animal.
O Instituto Politécnico de Castelo Branco, a Universidade da Beira Interior, o Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior e a empresa Cerfundão – Embalamento e Comercialização de Cereja da Cova da Beira juntaram-se para desenvolver um novo produto processado, conjugando três produtos naturais endógenos da região do Fundão: cereja, mel e carqueja. Portugal produz mais de 15 mil toneladas de cerejas, sendo produzida maioritariamente na região da Beira Interior, em particular no município do Fundão, representando esta região mais de 50% do total nacional. O sucesso do projeto Cereja do Fundão Confitada com Mel e Carqueja como Promotora da Saúde passa pela caracterização da composição físico-química e qualidade da fruta fresca, pela comparação do perfil fenólico da cereja fresca e processada e pela avaliação do potencial biológico dos seus extratos. O que se pretende é um produto inovador com um período de vida útil mais alargado e que mantenha as qualidades nutricionais da cereja fresca. Assim, poderá ser vendido em todo o mundo e durante todo o ano. Para a equipa promotora é ainda muito importante validar cientificamente os efeitos na saúde humana do consumo diário de cereja fresca e processada.