Jovens Agricultores

Por uma agricultura mais jovem

Falar sobre agricultura é falar sobre crescimento. E não há maior crescimento do que a percentagem de jovens agricultores que cada vez mais investem neste setor. Por isso, necessitam ser distinguidos e reconhecidos.

O setor da agricultura é um setor em constante crescimento e, por isso, necessita acompanhar todas as mudanças do mundo. Daí que seja essencial ter empresários agrícolas, principalmente de gerações mais novas, a entrar neste setor e a inovas e fomentar um ainda maior desenvolvimento. Desta forma, é preciso premiar quem se interessa e investe neste setor.

Com o intuito de distinguir os empresários agrícolas que façam crescer as suas empresas pelo seu talento, os Prémios Notáveis Agro Santander 2020 visam reconhecer o mérito dos candidatos em cinco categorias: Inovação Tecnológica, Empreendedorismo, Sustentabilidade, Exportações e Jovens Agricultores. Nomeados por um júri para cada categoria, serão, no total, cem os nomeados para as cinco categorias, ou seja, vinte nomeados para cada uma.

Precisamente para premiar estes jovens agrícolas, foi criada a categoria Agro Santander Jovens Agricultores, que visa distinguir, em linha com os critérios PDR 2020, os jovens agricultores que mais impacto tiveram no setor, com idades compreendidas entre os 18 anos e os 40 anos, inclusive. Assim, podem entrar na categoria micro e pequenas empresas, pessoa singular ou coletiva, sendo clientes ou não do Santander.

Os nomeados para esta categoria serão apresentados na Gala final de entrega dos Prémios Notáveis Agro Santander 2020.

Os dez jovens agricultores nomeados

Estes são os dez empreendedores nomeados na categoria Jovens Agricultores, a última a ser radiografada na edição dos Prémios Notáveis Agro Santander 2020.

FERNANDA NEVES DA COSTA

O futuro estava afinal no kiwi

“Foi em 2007 que decidi dedicar-me à agricultura, em especial ao kiwi”, conta Fernanda Neves da Costa, antiga proprietária de uma empresa têxtil, em Vila do Conde, que fechou portas em 2006, devido à crise do setor. “Vi no kiwi uma possibilidade de futuro. Após três anos de formação sobre esta cultura dei início a uma plantação de quatro hectares, com um projeto ao abrigo do PRODER”, explica. Dez anos passados, Fernanda gera emprego e exporta a totalidade da produção que chegou às 160 toneladas em 2018.

FILOMENA FRADE

Da metalomecânica para a pera-rocha

Em 2015 a arquiteta paisagista Filomena Frade avançou, com cinco irmãos e primos, para a constituição da Frutomania, que produz pera-rocha e maçã. Na Lourinhã, a empresa produz ainda doces e compotas, tendo gerado um volume de negócios de 52 mil euros em 2019. Embora a família não possuísse propriedades agrícolas, uma vez que opera no setor metalomecânico, foram sendo adquiridos terrenos confinantes. “Em 2011, com a aquisição dum terreno que tinha pomar de pera-rocha, aprendi a produção e com o conhecimento adquirido surgiu a ideia de expandir para os terrenos ao abandono, numa área de 16 hectares”, conta a gerente. Em 2015 apresentou o projeto “jovem agricultor”, que se diferencia “por ter uma componente de autonomia energética, através de painéis solares, cuja energia alimenta o sistema de rega no verão e o sistema de drenagem no inverno”, diz.

VILAS BOAS & PEREIRA

Casal aposta no leite e no melhoramento genético

Manuel Pereira, 40 anos, e Carla Vilas Boas, 39, formam um casal de agricultores que têm em comum a paixão pela agricultura. Há um ano avançaram com o investimento que ocupa agora quase todas as horas dos seus dias numa exploração agropecuária dedicada à produção de leite, em Ponte de Lima. Depois de terem adotado um sistema de ordenha robotizado e outras condições em que investiram meio milhão de euros, a exploração já produz um milhão de litros de leite. Apesar de não terem formação superior na área, nunca pararam de se atualizar e inovar. Prova disso é a aposta no melhoramento genético. Uma atividade que está a obter reconhecimento internacional, com a exportação de embriões para os Estados Unidos e o Canadá.

RICARDO MELO

Olival e carne de bovino em Monforte

Licenciado em Agronomia, Ricardo Melo tem 40 anos e, em 2018, decidiu avançar para um investimento agrícola em Monforte. Arrendou um terreno de 39 hectares, “porque a proprietária não queria vender”, e investiu na aquisição de bovinos para carne e na plantação de um olival. Ainda não é uma atividade a que se dedique a cem por cento, porque continua a manter a empresa de consultoria que criou. Conta 35 cabeças de gado e espera obter a primeira colheita de azeitona em 2021.

RODRIGO CHAVES

Juventude e conhecimento para olival em Serpa

Com 27 anos, Rodrigo Chaves não hesitou em investir em agricultura. Engenheiro agrónomo, com mestrado em Gestão na Royal Agriculture University, no Reino Unido, Rodrigo alia o conhecimento técnico com a experiência proporcionada pelo acompanhamento de projetos empresariais no departamento de agronegócio do Millennium BCP onde trabalha, ao mesmo tempo que gere o seu próprio projeto dedicado a olival e amendoal, em Serpa, no Alentejo.

XAVIER CHAVES

Da agroindústria em Espanha para o olival alentejano

É em torno do azeite que gira a história e o projeto de Xavier Chaves, que se licenciou em Agronomia e fez uma formação para prova de azeites. O jovem agricultor, que criou a Coutada do Monte Peixoto, tem um projeto de olivicultura em Serpa, na região do Alentejo, mas traz no currículo profissional uma passagem por empresas agroindustriais tanto em Portugal como em Espanha.

CRISTÓVÃO FERREIRA

Novo rumo encontrado nas maçãs do Oeste

Orientada para a fruticultura, a Megainvest é a empresa criada pelo engenheiro civil Cristóvão Ferreira, em conjunto com a mulher e mais um sócio, que explora 24 hectares de macieiras no concelho das Caldas da Rainha. Da região da certificada maçã de Alcobaça, a empresa foi constituída em 2015 e espera gerar um valor de vendas de 546 mil euros no espaço de três anos. Após 15 anos a trabalhar na metalomecânica/ modelação 3D, Cristóvão decidiu dar um novo rumo à sua vida e regressou às origens.

FILIPE CARNEIRO

Dar continuidade a negócio familiar com inovação

Ambos com 38 anos, Filipe Carneiro e Alexandra Leite formam o casal que criou a JAJ Sociedade Agrícola, para dar continuidade ao negócio dos pais de Alexandra, no setor do leite e hortícolas, na Maia. Apesar do projeto empresarial ter sido constituído em 2017, a ligação ao setor já vem de longe. Porque a aposta na sustentabilidade e eficiência é crítica no futuro, investiram em painéis solares, ordenha robotizada, amamentadora de vitelos e outras soluções para melhorar o bem-estar animal. O casal percebeu que era necessário investir em formação especializada e obteve-a na área dos cuidados veterinários e da gestão agrícola.

PEDRO JANEIRO

Uma vida predestinada para o amendoal

A história de Pedro Janeiro, 35 anos e natural de Cuba no Alentejo, parece esculpida pelo destino. Filho de uma família de agricultores foi para Lisboa para se licenciar em Agronomia e profissionalizar a atividade familiar, mas o pai faleceu logo no primeiro ano, não o podendo ajudar. Um rude golpe que não o impediu de prosseguir os estudos e pós-graduar-se em Gestão, bem como fazer uma formação em amêndoa na Universidade de Davis, na Califórnia. Depois de trabalhar em grandes consultoras do setor como a Agrogestão e a Consulai, e de ter feito a tese sobre a criação da sua empresa e instalação de um amendoal, avançou para 20 hectares em Cuba, plantados em 2018 e que só terão a primeira colheita em 2021. É por essa altura que lhe aparece um cliente francês interessado em plantar limões (que por acaso é o terceiro maior produtor de vinho em França) e Pedro convence-o a plantar antes amêndoa. Convencido, o senhor Jean-Claude contrata-o de imediato e Pedro não só gere os novos 300 hectares de amendoal em Beja como se dedica ao seu projeto pessoal. “É curioso eu ter-me preparado durante anos para aquele pitch que acabou por mudar a minha vida”, diz.

MIGUEL BICAS PEREIRA ROSA

Quando a técnica e o cuidado fazem milagres

Hoje com 27 anos, o engenheiro agrónomo Miguel Rosa tornou-se jovem agricultor três anos antes, quando adquiriu um terreno agrícola na Vidigueira e começou a recuperar o olival e a vinha que lá estavam instalados para produção de azeitona para azeite e de uva para vinho. “A produção da vinha em 2019 quadruplicou em relação ao que tinha sido em 2017 e a produção do olival em 2019 também aumentou para mais do triplo, o que me deixa satisfeito com o trabalho desenvolvido”, refere Miguel. O empresário, natural de Beja e a frequentar um mestrado em Viticultura e Enologia, está atualmente a realizar um investimento em plantação de vinha, compra de equipamentos e num sistema de rega adequado, tanto à vinha nova como à vinha e ao olival já existentes.

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