A agricultura é uma área da economia e da sociedade cada vez mais premente e devem ser premiados quem a faz crescer e quem inova dentro do ramo.
Com o intuito de distinguir os empresários agrícolas que façam crescer as suas empresas pelo seu talento, os Prémios Notáveis Agro Santander 2020 visam reconhecer o mérito dos candidatos em cinco categorias: Inovação Tecnológica, Empreendedorismo, Sustentabilidade, Exportações e Jovens Agricultores. Nomeados por um júri para cada categoria, serão, no total, cem os nomeados para as cinco categorias, ou seja, vinte nomeados para cada uma.
Assim, a categoria Agro Santander Empreendedorismo 2020 tem o objetivo de distinguir as iniciativas que sejam capazes, com inovação e trabalho, de gerar novos negócios, práticas e produtos, criando valor no seu redor. É, por isso, orientado para as PME, com base nos critérios adotados pela comissão europeia (IAPMEI), mas também para a pessoa singular ou coletiva, podendo tanto participar clientes como não clientes do Santander.
E como acontece com todas as categorias deste Prémios Notáveis Agro Santander 2020, existirá uma Conferência cujo tema será o Empreendedorismo: a 2ª Conversa Solta AGRO Santander Empreendedorismo, que acontecerá no dia 31 de outubro 2019, e na qual serão apresentados os nomeados para esta categoria.
Estão escolhidas as 24 empresas agrícolas nomeadas na categoria Agro Santander Empreendedorismo 2020. Que características as distinguem? São lideradas por empreendedores capazes de gerar novos negócios e implementar práticas e produtos que fazem a diferença. Os critérios de seleção são da exclusiva responsabilidade do júri, cujo elemento responsável por esta categoria é José Pedro Salema, presidente da EDIA, empresa que gere a água do lago artificial Alqueva, no coração do Alentejo.
A empresa agrícola com atividade em Alfundão, no concelho de Ferreira do Alentejo, foi criada por um empreendedor de nacionalidade alemã. Com a ajuda de um fundo alemão, que tem investido anualmente nesta propriedade, e da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA) instalou-se em Portugal onde começou por investir em 37 hectares de damascos, nectarinas e romãs. Neste momento, a Bethmann & Plessmann Agricultura tem 72 hectares de romãs, 34 hectares de damascos, 26 hectares de nectarinas e 16 hectares de pêssegos. Em 2020, a empresa espera plantar mais 13 hectares de damascos, 21 hectares de nectarinas, 23 hectares de pêssegos e 17 hectares de romãs. Numa fase posterior, a exploração deverá caminhar para a produção de limões e de clementinas.
A Alenbambu tem como atividade central a exploração agrícola de bambu. A empresa foi criada em 2015, tem sede no Alvito, e mantém a exploração de bambu na Vidigueira, no concelho de Beja. Os sócios investiram na agricultura biológica, numa espécie sustentável de bambu, sem recurso a químicos. Por razões ambientais procuram alternativas ao uso de determinados produtos, como, por exemplo, o plástico. O conselho que Eurico Santos, sócio-gerente da Alenbambu, deixa a novos empreendedores agrícolas é que “invistam em áreas inovadoras e amigas do ambiente, em vez de continuarem a investir em culturas tradicionais, intensivas, em que o uso de produtos químicos se mostra inevitável”.
Os sócios da PaxBerry, empresa que detém uma exploração de morangos no perímetro do Alqueva, acreditam na agricultura portuguesa como elemento de transformação da economia. O desafio da PaxBerry é a produção de morangos de elevada qualidade, de forma eficiente, numa zona de enorme potencial agrícola: a zona de Baleizão-Quintos, no Alentejo. As estufas, que estão localizadas no Monte dos Meloais, beneficiam do microclima gerado pelas culturas de regadio da zona envolvente. Aqui não falta água, boa exposição solar e circulação de ar. Características da zona que, quando combinadas com métodos inovadores, permitem produzir morangos de alta qualidade. Uma nova tecnologia permite a otimização do espaço de cultivo, sem perdas de área cultivável, e uma regulação da altura da plantação que reduz o esforço físico e não prejudica a postura dos trabalhadores no momento do cultivo e da apanha do morango.
A POM-Portugal é fruto da união de quatro amigos de longa data, Daniel Montes, João Pacheco, António Almodôvar e Ana Pacheco, que cresceram em Beja, foram para fora estudar, formaram-se na área agrícola e, anos mais tarde, regressaram à terra natal. Foi nesse retorno que decidiram instalar os primeiros projetos de romãzeiras no Baixo Alentejo. A POM tem sede em Beja, foi fundada em 2016, e tem a missão de promover a concentração e comercialização de romã dos pomares dos seus sócios, que, em conjunto, atingem os 60 hectares. Além da produção, a equipa está a apostar na transformação da romã, uma forma de diminuir o desperdício alimentar e aumentar a rentabilidade. Para breve está previsto o lançamento de dois novos produtos: compota e chutney de romã. Na opinião dos sócios, “não basta produzir, temos de saber como e para onde escoar; é importante ganhar relevância no mercado, e isto só é possível através dos efeitos de escala e de especialização”. A equipa acredita ainda que para ganhar capacidade negocial é importante ter escala, “juntarmo-nos a mais produtores e criarmos assim maior competitividade”.
Esta empresa de cariz familiar é de origem catalã. Instalou-se em Portugal na região do Alqueva em 2017 e desde então já plantou cerca de 700 hectares de amendoal. Neste ano, o grupo, que é um dos principais exportadores de amêndoa da Europa, vai plantar na região portuguesa, mais precisamente em Caliços-Machados (Alvito- Pisão), mais 160 hectares de amendoal. O objetivo é chegar a um total de 2500 hectares nos próximos anos. O futuro da Borges Agricultural & Industrial Nuts deve passar pela instalação de duas unidades de secagem de amêndoa.
Fundada por um empreendedor francês, a Monin Plantador Portugal produz citrinos para fazer essências na zona do Alqueva. Instalada no bloco de rega Cinco Reis Trindade, a Monin começou por investir em 48 hectares de citrinos.
Pomares e olival complementam-se. A Fairfruit é uma empresa suíça que, em parceria com agricultores portugueses, explora neste momento 180 hectares de pomares de pêssegos, damascos, nectarinas e ameixas. Na mesma zona, em Ervidel, possui 160 hectares de olival. Os empreendedores que estão na origem deste projeto agrícola querem ir além da produção, estando por isso a construir um armazém de frio e de embalamento em Beja. Acumular mais fases da cadeia de valor é o objetivo.
Em Ferreira do Alentejo está instalada a Citrusplus, empresa familiar suíça que chegou a Portugal em 1989 e investiu em 200 hectares de terra para a criação de bovinos e de forragens. Em 2005, o filho, Mário Gemperle, deu continuidade ao investimento familiar, mas orientando-o para a fruticultura. Desde então que tem investido na zona de Alqueva e neste momento tem 330 hectares de citrinos e 180 hectares de amendoal. Trata-se de um agricultor muito dinâmico, que todos os anos continua a investir e em 2020 prevê chegar aos 300 hectares de amendoal.
A Migdalo é uma empresa familiar (Sevinate Pinto), fundada em 2016, que se dedica à produção, transformação e comercialização de miolo de amêndoa do Alentejo, proveniente exclusivamente de amendoais próprios e de agricultores da região. A Migdalo, cujo perímetro agrícola é Ferreira do Alentejo, foi a primeira marca de amêndoa mediterrânica de casca dura produzida e processada no Alentejo. A unidade produtiva recorre a equipamentos modernos e tecnologia de ponta, estando entre as mais avançadas da Península Ibérica. Do volume de negócios anual da Migdalo, cerca de 75% é para exportação, sobretudo para a Europa, que é o maior mercado importador a nível mundial. Os restantes 25% destinam-se ao mercado nacional, onde a Migdalo está presente com amêndoas de marca própria.
A Gravera foi fundada em 2017 pelo empreendedor Manuel Grave e pelo seu pai (Carlos Grave). Dedica-se à exploração de amendoal em sebe que se estende por 70 hectares de terra no concelho de Portel. Pai e filho cedo perceberam que os frutos secos eram uma alternativa muito interessante e adaptada ao clima português, caso houvesse disponibilidade de água. O projeto começou a ser executado em junho de 2017 e terminou em novembro desse mesmo ano. “Neste ano já tivemos uma produção simbólica de amêndoa, e estimamos ter a primeira colheita significativa no ano de 2020”, explica Manuel Grave. O conselho que deixa a novos empreendedores é que encontrem o projeto em que mais acreditem. A partir desse ponto é muito importante pesquisar toda a informação possível sobre o tema, consultar especialistas, atender a colóquios, seminários, etc. Na sua opinião, é conveniente ter “algum pessimismo e sentido de realismo”. Isto porque, continua, “muito raramente as coisas são como no-las pintam, e geralmente para pior, mas, se tivermos já muita informação recolhida acerca do tema, conseguimos filtrar e fazer previsões mais certeiras.”
Ghenadie Belostecinic criou as Aromáticas d’Palma, um projeto de produção e comercialização de plantas aromáticas e medicinais no coração do Alentejo, perto de Évora, em São Manços. Em 2000, Ghenadie muda-se para Portugal, mas o gosto pelo trabalho na terra e o sonho de produzir o seu vinho começaram a falar mais alto. Em 2008, com a ajuda da sua família, compra uma pequena propriedade com 2 hectares em São Manços, onde se dedica a produzir plantas aromáticas em modo biológico. Hoje, dedica-se à agricultura biodinâmica, um método fundado pelo cientista austro-alemão Rudolf Steiner. Para Ghenadie, a agricultura biodinâmica tem sido fundamental para elevar o nível de qualidade dos seus produtos. Hoje, a empresa oferece uma gama de oito condimentos com aromas naturais e sabores intensos e um conjunto de 16 infusões.
Nos últimos dois anos, as empresas Herdade das Amêndoas Doces (Monte Novo) e Rota Única Amêndoas (Vale do Gaio e Rio de Moinhos) têm investido sem receio em amendoal. Hoje, contabilizam 1521,68 hectares de amendoal instalado e em instalação nestes três perímetros de rega. Continuam a aumentar a área e estão inclusivamente a efetuar emparcelamento nalgumas zonas. Criaram também uma fábrica de descasque e embalamento de amêndoa, em Azaruja.
Empresa de origem chilena, a Olinorte está instalada em Rio de Moinhos, Viana do Alentejo. Viu no Alentejo a oportunidade de estabelecer produção no hemisfério norte, passando a basear o seu negócio em duas campanhas por ano. Possui cerca de mil hectares de olival com diferentes idades de plantação. A empresa não para. Sabemos que tem planos para expandir a sua atividade no mundo das azeitonas para azeite no Alentejo.
Localizada em Serpa, a Noziba dedica-se à produção em modo biológico de damascos, pêssegos, ameixas e nozes, bem como de azeitonas.
A Risca Grande dedica-se à produção de limas e de oliveiras seguindo os métodos e procedimentos da agricultura biológica. Segundo os proprietários, o Olival da Risca é o único olival biodinâmico na região de Serpa.
Empresa produtora de uva sem grainha, a Pomares do Sol detém uma unidade de embalamento e também instalações com câmaras de refrigeração que disponibiliza e que podem ser utilizadas por outros agricultores.
A atividade central da Verd & Moso é a produção de canas e rebentos de bambu. Adicionalmente produz hortícolas, raízes e tubérculos. A empresa nasceu em 2016 pela mão de três sócios. Tem sede em Beja e cerca de quatro hectares de plantação de bambu em Alvito, distrito de Beja. A ideia surgiu em finais de 2015 quando um dos sócios se aposentou. A decisão de investir na agricultura deriva da existência de água e do elevado potencial agrícola da região do Baixo Alentejo. Sem experiência na agricultura, os empreendedores apostaram no cultivo do bambu, uma gramínea originária da China, muito versátil, com um ciclo de vida perene, taxa de crescimento enorme, elevada resistência a doenças e, por isso, menor necessidade de cuidados diários. A aposta baseou-se também no reduzido número de produtores de bambu na Europa, que tem vindo a importar este produto da China. A equipa alerta os novos empreendedores para o facto de “por mais tecnologia e automatismos que se utilizem, as culturas necessitam de atenção e cuidados permanentes, sem os quais o capital colocado na terra será rapidamente perdido”.
A empresa de Vale do Gaioexplora a Herdade do Rio Seco da Estrada (600 hectares). A T&M tem em curso um projeto de 15 hectares de sobreiros regados em parceria com o Trevo e a Universidade de Évora. Instalou 180 hectares de olival intensivo, mas conservou sobreiros e azinheiras. A T&M manteve também o olival tradicional (galega) e instalou dois pivôs para prado permanente (vacas e ovelhas). Tem também uma grande área de montado onde faz gestão cinegética e que utiliza para pastagem do gado.
A empresa dedica-se ao cultivo, processamento e comercialização de nozes e amêndoas. A Fruits of Life foi fundada em 2014 e está sediada no Estoril. O pomar está instalado num terreno de 115 hectares em Campo Maior, Elvas. Os proprietários pensam aumentar a área de produção para 150 hectares. Uma unidade de secagem e processamento está em fase de planeamento para abertura em 2021. Os proprietários, irmão, irmã e cunhado são turcos e trabalham juntos há 30 anos. A ideia de produção de nozes surgiu em 2009 durante a depressão económica mundial. Em 2014, decidiram investir em Portugal a fim de diversificar os riscos e aproveitar as variáveis climáticas e a disponibilidade de terras. A equipa deixa alguns conselhos para os novos empreendedores: “É importante não apressar o plano de investimento, pois as correções posteriores são ineficazes e caras.” No negócio dos pomares de nozes, um período de investimento muito longo deve ser considerado com muita clareza. “De acordo com a nossa experiência, o período de investimento é próximo de 10 anos e isso pode ser muito cansativo se não for totalmente compreendido no início; é fundamental ter um bom apoio bancário.” “Durante as campanhas anuais, a entrada de capital realiza-se no final do ano, no entanto, existem despesas de 12 meses, portanto, ter um negócio paralelo ajuda.”
O grupo francês instalou-se em Portugal em 2014 na Herdade do Monte Novo (Alcácer do Sal). O BVLH Invest é atualmente o maior produtor de hortícolas biológicas em Portugal. A herdade tem 650 hectares, dos quais 490 hectares são para produção hortícola biológica.
A Vasverde produz relvados para desporto que chegam a Portugal e também a Espanha. A empresa está em fase de investimento, saindo de terrenos arrendados no Ribatejo para uma exploração própria de cerca de 100 hectares em Alcácer do Sal.
A Quinta do Arneiro, no concelho de Mafra, tem vindo a fazer um bom percurso tanto na produção de produtos biológicos, distribuição dos próprios produtos, bem como de produtos de outros produtores através da entrega de cabazes semanais na região de Lisboa. A exploração agrícola está certificada para agricultura biológica e tem uma área global de 29,36 hectares, dos quais cerca de 3,53 hectares tem hortícolas ao ar livre, 2,36 hectares de área protegida de estufas para hortícolas e 16,28 hectares de pera-rocha. Desde 2011, existem na sociedade vendas em diferentes formatos que têm evoluído ao longo do tempo como seja a horta à porta (cabazes em casa dos clientes), revenda de produtos biológicos, produtos vendidos em feiras e mercados e produtos vendidos em eventos. Além disso, a venda também se faz na loja da quinta; criou-se um restaurante de comida biológica; a sala de eventos; e uma padaria. Os produtos tiveram uma evolução muito grande nos últimos sete anos, tendo o volume de negócios multiplicado perto de sete vezes.
Projeto que consiste na plantação de 85 hectares de mirtilos em regadio na zona de Alcácer do Sal. A ideia passa ainda pela construção de uma charca para armazenamento de água de rega, bem como a instalação de painéis fotovoltaicos de modo a assegurar o consumo energético do projeto, de forma sustentável e renovável.
A All Abacate implantou 62 hectares de abacate em regadio em Castro Marim. Além da exploração agrícola, possui todas as infraestruturas e equipamentos necessários à boa condução e manutenção plantação.