Uma área da economia presente em Portugal desde sempre, a agricultura faz parte da tradição e do espírito português. E devido à necessidade de estar em constante desenvolvimento é fundamental que se aposte na inovação tecnológica. Assim, é essencial que se premeia quem faz parte deste crescimento.
Com o intuito de distinguir os empresários agrícolas que façam crescer as suas empresas pelo seu talento, os Prémios Notáveis Agro Santander 2020 visam reconhecer o mérito dos candidatos em cinco categorias: Inovação Tecnológica, Empreendedorismo, Sustentabilidade, Exportações e Jovens Agricultores. Nomeados por um júri para cada categoria, serão, no total, cem os nomeados para as cinco categorias, ou seja, vinte nomeados para cada uma.
Assim, a primeira das categorias é a Agro Santander Inovação Tecnológica, que tem por fim reconhecer as empresas que tenham impacto na inovação tecnológica no progresso do setor agrícola, no aumento da produtividade, na capacidade preditiva e qualitativa e no compromisso. Tem, por isso, como alvo as PME, com base nos critérios adotados pela comissão europeia (IAPMEI), pessoa singular ou coletiva, sendo clientes ou não clientes do banco.
Leite, amêndoas, figos, espargos ou vinhos são produtos agrícolas que parecem não ter grandes mistérios. Engano puro. O talento fez que estas empresas recorressem às tecnologias para subir a qualidade, gerir os recursos hídricos ou garantir a segurança alimentar. Neste desafio, não há limites para a inovação, mas há drones, sondas, estufas de última geração ou estações meteorológicas nos campos de cultivo.
E se pudéssemos proteger os nossos alimentos de todas as ameaças? Parece uma utopia, mas é isso mesmo que faz a Grow to Green. A empresa de Castelo Branco usa as tecnologias mais inovadoras para acompanhar o crescimento dos produtos agrícolas. Desde a semente até à colheita, tudo é controlado ao ínfimo pormenor dentro de uma câmara de crescimento de plantas – a temperatura, a humidade, a concentração de CO2, as correntes de ar e a nutrição. Por ser uma espécie de estufa de geração mais avançada, as plantas estão protegidas de qualquer contaminação, sejam elas químicas – provocadas por metais pesados, por exemplo – sejam biológicas, como pragas de insetos, salmonela, E.Coli, entre outros. Nestes ambientes, os pesticidas estão banidos, a água é rentabilizada a um litro/mês por planta e as energias utilizadas são de fontes renováveis. As câmaras de crescimento podem ser colocadas em qualquer local, inclusive perto das grandes cidades ou dos postos de venda, permitindo poupar também nas deslocações.
Nas bermas das estradas, vemos as figueiras-da-índia e não lhes damos muita importância. A planta é, contudo, o grande segredo da Pepe Aromas. A empresa de agricultura biológica nasceu, em 2013, da persistência de Susana Mendes e José Ferrão, dois irmãos vindos de uma família há muitas gerações ligada à agricultura e à extração da cortiça. Num pomar com 25 hectares, as figueiras-da-índia são cultivadas, misturando os métodos tradicionais com as técnicas e os recursos mais avançados.
Tudo se aproveita, o fruto, a planta e as sementes. O resultado tanto pode sair em estado líquido, num xarope delicioso, ou gelatinoso, como uma geleia de alto valor nutricional. O vinagre de figo-da-índia também é um dos produtos saídos da criatividade destes dois irmãos e, não se espantem quando descobrirem que a planta está também a ser utilizada na alimentação animal como forragem. A estratégia de crescimento da Pepe Aromas assenta sobretudo no aperfeiçoamento contínuo do processo de produção e colheita, mas também na pesquisa e descoberta de usos novos da figueiras-da-índia.
Utilizando as técnicas mais modernas, produção integrada e investigação, Sara Gomes e Rui Paulo Sá lançaram-se em 2015 na aventura dos espargos verdes, cultivando um terreno com pouco mais de cinco hectares. Hoje, mais do que duplicaram a área de cultivo, produzindo cerca de 20 toneladas anuais deste produto agrícola. A meta, todavia, é chegar às 50 toneladas no curto/médio prazo. As terras argilosas e com alto teor de calcário são o grande trunfo para produzir um alimento de alta qualidade e características únicas, permitindo lançar a marca Espargos Verdes do Ribatejo. É possível encontrar estes espargos nos supermercados, em lojas de produtos
hortícolas de todo o país, mas também lá fora, já que boa parte da produção segue para os mercados espanhol e francês.
Na Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz, o azeite e o vinho são muito mais do que azeite e vinho. A gestão orientada para a sustentabilidade social, ambiental e económica é o que melhor poderá traduzir o que acontece nos terrenos de cultivo. A empresa desenvolve há vários anos uma estratégia para rentabilizar a eficiência dos recursos, promovendo o uso eficiente da água na agricultura. E, para cumprir esse objetivo, implementou um plano de ação que envolveu não só um estudo geológico das parcelas mas também a instalação de equipamentos para monitorizar o controlo de irrigação.
Encaixado no sopé da serra da Arrábida, a Quinta da Mó de Cima – Sociedade Agrícola e Turística encontra as condições ideais para a plantação de figos. Mas não se julgue que as figueiras ficam quietas, esperando que a natureza faça todo o trabalho. A empresa instalou um sistema de irrigação no pomar que, recorrendo a sondas de humidade e ainda a uma estação meteorológica, reduz o stress hídrico das árvores e aumenta a qualidade e o volume da produção. Agricultura de precisão é o nome que se pode atribuir ao que esta quinta pratica nos seus terrenos. Através da leitura de temperatura, o sistema regista os pontos de orvalho e indica o tempo de colheita adequado para os 40 hectares de figueiras. A técnica permitiu não só aumentar a qualidade dos figos frescos e secos mas também a sua produção, que, de 22 toneladas por hectares, cresceu para 31 toneladas.
Um bife no prato, por mais suculento que esteja, já não chega para convencer uma boa parte dos consumidores. São cada vez mais aqueles que perguntam de onde vem a comida que aparece na mesa. A Granchinho faz tudo para responder a essas dúvidas, mostrando que os seus animais são criados em liberdade, comendo em pastos que provêm de explorações de produção biológica. Adubos, pesticidas, hormonas e aditivos são químicos que ficam longe do seu gado, garantem, e as rações também estão livres de OGM – organismos geneticamente modificados. Todas as fases de produção são submetidas a controlo de qualidade para assegurar o cumprimento de todos os objetivos traçados por esta empresa de Tomar.
A Atlantic Growers foi o primeiro produtor europeu de pimento da nova variedade vitaped. Trata-se de um minipimento cor de laranja, doce e muito nutritivo. Bastará dizer que concentra três vezes mais vitamina C do que as laranjas. A inovação está no sistema das eco estufas, que permite uma produção contínua durante todo o ano e com um rendimento quatro vezes superior ao convencional. Todas as funções técnicas, como ventilação, sombra, calor e sistema de hidroponia são controlados por computador. A eficiência energética da central de energia elétrica é de 90%, contra 50% das centrais normais. Além do pimento, a empresa, sediada em Odemira, produz também o tomate tombo, usando as mesmas tecnologias , motivo pelo qual a atividade já está classificada como projeto de interesse nacional.
O programa Leite de Vacas Felizes já é considerado uma referência a nível mundial. E há razões para isso. Os animais habitam os prados dos Açores e pastam em liberdade durante os 365 dias do ano. Este é um programa de cooperação entre a empresa e os seus produtores de leite que assenta em cinco pilares: bem estar animal, qualidade e segurança alimentar, produção sustentável e eficiência dos recursos energéticos. O programa foi lançado em janeiro de 2015 e é uma iniciativa de melhoria contínua, garante a empresa, que atualmente já tem 30 milhões de litros de leite certificado.
A Soresa, fundada em 2015, nasceu dos esforços de três sócios e amigos de Santa Maria de Émeres, em Valpaços. A associação de produtores explora uma área de mais de 70 hectares, onde são produzidos e comercializados a castanha (sob a marca UMA), a amêndoa, o azeite, o goji e o mel, tudo em modo biológico, integrado e com grande preocupação pela sustentabilidade que se reflete nos terrenos, nos processos de produção , na embalagem e, consequentemente, na pegada ecológica.
O vinho da empresa Henrique Uva já tem uma pegada ecológica 10% mais baixa do que o vinho convencional. A meta, porém, é mais ambiciosa, e o que se espera é que, nos próximos três anos, a redução das emissões atinja os 20%. Foi assim que ganharam legitimidade para chamarem o seu produto de vinho de baixo carbono, criando a marca IMAGINEM. A técnica assenta em estratégias vitivinícolas assente numa metodologia internacionalmente reconhecida e certificada, a PAS 2050:2011. Este projeto distingue-se por ser o propulsor do primeiro vinho em Portugal a obter a certificação.
Entre o Fundão e Idanha-a-Nova estendem-se 300 hectares de campos com mais de três milhões de amendoeiras vigiadas com a tecnologia mais avançada. O investimento é de 33 milhões de euros do grupo luso-brasileiro Veracruz e o objetivo final é produzir cerca de quatro mil toneladas/ano de amêndoas de variedades mediterrânicas. A Veracruz aposta no smart farming e nos drones para acompanhar o desenvolvimento e a saúde das plantações, recorrendo ainda ao uso de sondas no solo para monitorizar o uso de água e fertilizantes.