“Agroalimentar é setor estratégico para a economia nacional”

O Santander está comprometido em apoiar o financiamento da agricultura nacional, cujo volume de negócios cresceu 7% em 2017, segundo o Banco de Portugal. Isto num momento em que o setor enfrenta novos desafios tecnológicos.

O Banco Santander quer contribuir para o setor agroalimentar nacional, que considera estratégico para a economia nacional e global, assumiu Miguel Belo de Carvalho, administrador executivo do Banco Santander. O grupo financeiro espanhol tem planos para continuar a ter uma forte presença e compromisso com o agroalimentar, não só em Portugal como em Espanha e na América Latina.

Os próximos anos serão de reinvenção, dizem os estudos promovidos pelo Santander. Por um lado, porque a produção e alimentação animal ocupam já 75% do solo arável mundial, por outro porque os desafios impostos pelas alterações climáticas tenderão a pressionar as áreas disponíveis para o setor agrícola.

Em Portugal, o banco possui uma equipa especializada no setor, com know-how específico, dedicada ao negócio agroalimentar e que apoia a estrutura comercial. A gama de soluções foi revista, permitindo-lhe ser parceiro em qualquer momento do processo produtivo, desde a aquisição dos meios de produção à própria produção (agricultura), passando pela transformação (agroindústria) e comercialização dos produtos finais.

Para demonstrar o seu nível de compromisso, e depois de vários anos de experiência no apoio ao setor agrícola nacional, o Santander decidiu distinguir os melhores empresários e empresas agrícolas em Portugal. Criou uma iniciativa para premiar, em cinco áreas diferentes, quem se posicione com notoriedade em relação ao futuro, disse Miguel Belo de Carvalho, explicando como será feita a atribuição dos Prémios Notáveis Agro Santander 2020. Este é o primeiro ano desta iniciativa do banco Santander para valorizar o mérito no setor.

“O agroalimentar é um setor de futuro por natureza”, defendeu o administrador. O que a instituição financeira quer é devolver ao setor o que este tem vindo a dar ao banco. “É ao mesmo tempo um passo no sentido do reconhecimento e da retribuição.” De facto, a agricultura portuguesa tem vindo a recuperar, apesar de ter sido fortemente desmantelada desde que Portugal aderiu, em 1986, à CEE (Comunidade Económica Europeia), hoje UE (União Europeia).

Segundo a agência de rating Fitch, a agricultura é um dos setores que mais podem contribuir para o PIB português em 2019. De acordo com o estudo de análise ao setor de 2017, publicado neste ano pelo Banco de Portugal, o volume de negócios do setor agrícola aumentou 7% em 2017, um crescimento superior ao registado em 2016 (3%).

Todos os segmentos de atividade registaram subidas do volume de negócios em 2017: 10% na agricultura, 8% no comércio de produtos agrícolas e 6% na indústria de produtos agrícolas. As vendas para fora registadas num setor composto maioritariamente por microempresas, e com maior peso no Alentejo e na Região Autónoma dos Açores, foram o motor, uma vez que 35% do crescimento do volume de negócios do setor teve origem nas exportações.

A visão da CAP

A ideia de que o agricultor está num nível social mais baixo está ultrapassada. Hoje, quem trabalha na agricultura tem necessariamente de aumentar os seus conhecimentos se quer acompanhar a entrada das novas tecnologias no mundo rural.

Esta foi a mensagem deixada por Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), durante uma dinâmica Conversa Solta promovida pela organização dos Prémios Notáveis Agro Santander 2020 na Feira Nacional de Agricultura (FNA) que se realizou em Santarém, entre os dias 8 e 16de junho. “Temos de tirar partido do momento em que vivemos de afirmação da agricultura em Portugal”, disse Eduardo Oliveira e Sousa, responsável pela organização da 56.ª Feira Nacional de Agricultura e da 66.ª Feira do Ribatejo.